quarta-feira, 22 de março de 2017

Traballo libro III avaliación 1º BACH (voluntario)


Debe incluír os apartados seguintes:
1. Análise externa:
- O autor a obra: datos bibliográficos do autor ou autora, importancia da obra no conxunto da súa produción. Data de publicación da obra, repercusión no sistema literario da época.
2. Análise interna:
2.a. Narrativa (novela, relato, conto):
-análise dos elementos narrativos: tipo de narrador, tempo (interno e externo), espazo ou espazos, personaxes (tipo de personaxes e caracterización)
- resumo do argumento
- valoración crítica (razoada e xustificada, destacando os aspectos positivos ou negativos que se consideren salientábeis)
2.b. Poesía (poemarios):
- Tema ou temas presentes no poemario, con exemplos de poemas onde aparezan e analise do enfoque ou tratamento que reciben.
- Identificación e análise dos recursos estilísticos que resulten máis significativos (por abundantes, novidosos, sorpendentes...)
- valoración crítica (razoada e xustificada, destacando os aspectos positivos ou negativos que se consideren salientábeis)
2.c. Outros (obras miscelaneas)
- Tema ou temas tratados na obra, con exemplos de textos nos que aparezan tratados.
- Identificación e explicación dos diferentes tipos de textos que forman a obra, e xustificación do seu uso.
- - valoración crítica (razoada e xustificada, destacando os aspectos positivos ou negativos que se consideren salientábeis)

Como exemplo (aproximado) do que pretendo, vai un artigo meu de hai uns anos onde analizaba unha obra teatral:
UM PRÉMIO (QUASE) IGNORADO: A TÁBUA OCRE DE NÚBIA

Já lá vam quase dous anos desde que o júri do prémio "Eixo Atlântico" de teatro convocado pola Câmara Municipal de Viana do Castelo decidiu conceder esta distinçom ao autor galego João Guisan pola sua obra A tábua Ocre de Núbia ou o significado da vida, e é de certo surpreendente a pouca atençom que se tem prestado a esta obra desde entom. E a surpresa acrescenta‑se ainda mais se o comparamos com o atordoante ruído mediático que acompanhou a concessom de galardom semelhante a José Luís Méndez Ferrín no presente ano, concretamente o prémio "Carlos Blanco" de Romance do Eixo Atlântico pola sua última obra; mesmo numha visom muito apressada, e ainda considerando a diferente repercussom que a todos os níveis pode ter um autor de grande prestígio e um género (o romance) de grande difusom, frente a umha peça dramática e a um autor de menor reconhecimento público, semelha mesmo que as varas com que se medem os méritos de uns e outros seguem a ser de tamanhos muito diferentes.

O autor da peça, João Guisan Seixas, é um dos históricos do teatro galego: membro fundador da Escola Dramática Galega, actor, encenador, cenógrafo, e também narrador. Entre os  anos 1977 e 1981 recebe numerosos galardons, e desde aquele momento e  até ao 1997 em que obtem este prémio Eixo Atlântico, nom tivo nenhum outro reconhecimento (deixaremos à imaginaçom do leitor as possíveis explicaçons deste vazio).

A obra apresenta‑se sob umha aparência enganosamente académica: Actas do XXIV congresso internacional acerca de A Tábua de Núbia ou o significado da vida, e, em funçom deste artifício, estrutura‑se em diferentes níveis de ficçom. O principal elemento de coesom som as sucessivas hipóteses que se vam expondo a respeito da interpretaçom e significado de umha misteriosa tábua com inscriçons indecifráveis achada no percurso de umha escavaçom no Egipto. Em funçom do anterior, adquire grande relevância a cenografia da peça: os poentes que se vam sucedendo para explicarem as suas teorias som grandes bustos desenhados no pano de fundo, com braços animados por actores; diante deles, as personagens desenvolvem diferentes peças relacionadas com as explicaçons destas figuras. Note‑se, para já, a estilizaçom e artificiosidade que pressupom esta realizaçom cénica, estilizaçom que também se manifesta na caracterizaçom dos próprios  actores. Estes actores movem‑se num segundo plano da ficçom, por dizê‑lo assim, subordinados aos grandes bonecos que dominam a cena desde o fundo; neste plano realiza‑se um exercício de revisionismo mitológico que tem a ver com as próprias exposiçons dos poentes. Assim, nas sucessivas cenas o leitor/ espectador assiste a versons muito pessoais do mito de Dédalo e Ícaro, da vida dum hipotético santo paleo‑cristam (com situaçons que lembram aos momentos mais delirantes de A  vida de Brian, dos Monty Python), ou a histórias com elementos tirados dos contos populares mas com ambiente nórdico, egípcio ou chinês; em todas estas cenas desborda a imaginaçom do autor para criar situaçons fantásticas, a ironia e mesmo a sátira. Como exemplo do anterior, a história que se desenvolve no VI quadro é bem significativa: os três heterónimos de Pessoa reúnem‑se e, reconhecendo a sua mediocridade individual ("somos tão só meio poeta", diz o Alberto Caeiro) decidem "inventar" um outro poeta que os supere (seguindo a sua própria lógica, três meios poetas juntos fazem poeta e meio); e esta inversom das convençons é a que marca o tom geral da obra tanto no que diz a respeito do conteúdo como a nível formal.

Seguindo nesta mesma linha, também o mundo académico nom escapa ao olhar satírico e engenhoso do autor: desde a própria aparência dos "Doutores" (desenhos caricaturescos sobredimensionados) até ao conteúdo das suas intervençons (interpretaçons absurdas, contraditórias e irreconciliáveis entre elas), passando pelos (brilhantes) nomes das suas disciplinas: Departamento de Escandinaviologia Submarina, Centro de Altos Estudos Paleocristaos, Departamento de Estilística Forense, Academia Superior de Arqueologia Emocional,... Nom ficam de lado as misérias humanas dos "Senhores Doutores": alcoolismo, problemas matrimoniais. Hai também aqui umha vontade satírica que leva a subverter as convençons e os modos do estamento académico, já desde o próprio título da obra.

A Tábua Ocre de Núbia apresenta‑se  como umha peça para ser lida, mais do que para ser representada (ainda que o prémio inclua a representaçom da obra, para lá da sua publicaçom), embora o autor tivesse em conta esta possibilidade durante a sua elaboraçom. Reconhece, contudo, as inegáveis dificuldades que apresenta a sua posta em cena na nota com que se fecha o texto. Nesta linha, e como também acontecera com a sua obra Teatro para se comer, A Tábua ocre de Núbia contem umha grande quantidade de acotaçons cénicas, algumhas mesmo inecessárias para a preparaçom de umha hipotética representaçom; como o próprio autor explica na introduçom da primeira das obras citadas, a justificaçom de umha tal prodigalidade nas notas justifica‑se pola vontade de que seja o leitor o que disponha de todos os elementos necessários para "ver" a obra representada ao tempo que a vai lendo, sem necessidade de ter que esperar por umha representaçom que, talvez, nom chegue mais. E é gráças  a isso que esta peça é susceptível de ser lida com a mesma soltura e desfrute do que um qualquer romance, sem a farragosidade que, amiude, acompanha a leitura de um texto teatral.

Para finalizar, e entanto que agardamos pola prometida encenaçom da peça, apenas insinuar a necessidade de que este texto alcance umha maior difusom da que até ao de agora leva tido, para o qual é imprescindível uma ediçom com maiores possibilidades de distribuiçom do que a existente neste momento (a do Teatro do Noroeste, com a colaboraçom da Câmara Municipal de Viana do Castelo), susceptível de chegar aos possíveis leitores pelos canais habituais. No momento da elaboraçom deste texto, é práticamente impossível fazer‑se com um dos 750 exemplares impressos pela entidade organizadora do certame.

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